Friday, January 02, 2009

Pôr-do-sol em Aberystwyth


Feliz Ano Novo!
Desejamos a todos os queridos leitores um 2009 com muita alegria! Que Deus abençoe a todos! 2009 será nosso último ano por aqui. Pelo menos estes são os planos até agora. A não ser que a Lilian queira ficar mais uma temporada por aqui e me convença a estender nossa estada. Mas sua tarefa não será fácil... ela ainda terá que convencer o Ministério da Educação a nos sustentar por mais tempo. Mas tirando eventuais mudanças que possam aparecer, devemos estar de volta ao Brasil em Setembro de 2009. Mas tudo isso foi para desviar a atenção do fato que nosso Blog está atrasado em 1 ano e 5 meses! Um ano e cinco meses!!!

Sem mais atraso, voltemos para Agosto de 2007. Como de costume, não tivemos verão em Londres naquele ano. Por isso tivemos que sair para procurar o verão fora daqui. Já era final de agosto quando conseguimos aproveitar o sol pela primeira vez. E que ironia, tivemos que ir à Wales (País de Gales) para encontrá-lo. Temos uma grande amiga da igreja que se chama Barbara. Ela é uma alemã solteirona que mora em Londres há algumas décadas. Como costumamos dizer: “a amiga ‘B’ é nossa amiga pra-frentex”.

Pois bem, Barbara tem um apartamento em Aberystwyth, no litoral de Wales. Isso mesmo: Aberystwyth. Pronuncia-se /æbərɪstwɪθ/ (se a alguém ajuda) e quer dizer Foz do Rio Ystwyth em Welsh (uma das línguas celtas ainda faladas por aqui, ou melhor, por lá). Ela aluga esse apartamento para estudantes durante os meses letivos, mas usa o lugar quando os inquilinos estão de férias. Assim, elas nos ofereceu alguns dias em seu apartamento. Claro que nós aceitamos, com muito prazer. E lá fomos Lilian e eu, de trem e mochilão, passar quatro dias em Aberystwyth.

A pequena cidade tem cerca de 20 mil habitantes, dos quais quase a metade é de estudantes da grande universidade e só moram lá por 9 meses do ano. Portanto, achamos que a cidade estaria vazia em agosto, como é o costume, mas tivemos uma surpresa assim que chegamos... Havia um encontro de motoqueiros programado naquele final de semana. O principal ponto da orla estava repleto de motos, triciclos, tatuagens e jaquetas de couro, todos estacionados à procura de um lugar ao sol.


Aberystyth tem uma orla muito bonita. Um calçadão elevado, que eles chamam de “promenade”, com um muro de contenção de pedras. Aliás, tudo é de pedra por lá. Pedra é o que não falta. As montanhas são de pedra. O castelo é de pedra. Os prédios são de pedra. E a praia também é de pedras! Ainda precisaremos de mais algumas centenas de milhões de anos para termos uma praia de areias finas por lá. Para nós foi uma novidade. Imagine uma praia de pedras roladas, todas na cor cinza, que não sujam os pés e ainda fazem massagem nas costas enquanto você toma sol. O barulho das ondas rolando as pedras é forte e faz o mar parecer ainda mais poderoso.

Os prédios de frente para o mar são todos coloridos e ajudam a balancear a cor cinza das pedras e da praia. E como a praia fica no oeste da ilha ficamos impressionados com o pôr-do-sol dourado batendo na fachada no final da tarde. Nunca havíamos visto o sol se pôr no mar. E aproveitamos para guardar na lembrança (e nas fotos) todos os minutos de todas as tardes. (Por isso a maioria das fotos que você vai ver nesse post foram tiradas no final da tarde. Mas acredite que ainda temos muitas e muitas outras que não serão publicadas desta vez.)

A casa da amiga ‘B’ também fica de frente para o mar e ao pé do morro. Não pensem que só porque é verão o vento resolve dar trégua. Às vezes, o melhor lugar para se ver o sol descendo (às nove horas da noite) é de dentro da sala, sentado numa poltrona, tomando chá, lendo um bom livro e ouvindo Classic FM. Hum... fizemos todas estas coisas em um só dia. Aliás, Aberystwyth foi um ótimo lugar para comprarmos livros. Deixei um borrachudo no sebo e outro na livraria da igreja. O problema foi colocar os volumes na mochila e carregar 5 quilos na subida para a estação.

Atrás da casa da Bárbara tem um morro. No alto do morro tem uma árvore. Nessa árvore tem um galho, ai ai ai que amor de galho... (A árvore da montanha, oi-êh-ia-ôh, que tia Célia me ensinou a cantar.) Mas no alto da Constitution Hill tem uma “camera obscura”. Dizem ser a maior do Reino Unido e foi construída em 1880. Subindo e descendo o morro pode-se visitar a vila vizinha, onde existe um bairro só de trailers de viagem. Mas decidimos chegar lá caminhando pelas pedras durante a maré baixa. Foi um passeio de proporções geológicas... se é que você me entende. A região tem rochas muito interessantes para o Guto, mas também tem pássaros muito interessantes para a Lilian. Aos cinco quilos de livros, somaram-se outros dois de pedras e conchas.

Na ida, pela manhã, fomos caminhando pelas pedras ao nível do mar. Após um “pub lunch” na vila vizinha, voltamos pela trilha por cima do morro cercados por uma névoa grossa. Pois é, o tempo havia virado completamente enquanto saboreávamos nosso fish-and-chips. Tive que escalar o morro no dia seguinte para conseguir uma vista da cidade sem nuvens.

E este foi nosso passeio em Aberystwyth. Muito tranqüilo, curtindo a natureza, as pedras, a praia, o sol, o chá e os livros. Quando dizemos
que estivemos no litoral de Wales e não tomamos chuva ninguém acredita. Mas de fato tivemos quatro dias inesquecíveis na casa pra-frentex de nossa amiga ‘B’. Será que ela vai nos convidar para voltar lá neste ano?

Aberystwyth
Wales
24 Agosto 2007



Wednesday, October 01, 2008

A praia de Bournemouth...

No meio de julho decidimos aproveitar alguns dias do verão para pegar uma praia. Pare! Releia esta primeira frase. Mais uma vez. Você consegue identificar as inconsistência? Vamos fazer uma breve análise. Primeiro ponto: verão em julho. Desde quando verão aqui em Londres acontece em julho!? Claro, oficialmente, julho é verão. Mas isso nunca acontece. De fato, o verão só chega, quando chega, em meados de setembro, quando as férias se acabaram e os alunos já estão todos de volta às aulas. Segundo ponto: “aproveitar alguns dias no verão”. Já sabemos como é o verão por aqui (veja post anterior para melhor descrição). Então também sabemos que não é possível aproveitar alguns dias do verão. Simplesmente porque o verão não tem mais que um dia aproveitável. Verão, aqui, é veraneio. Talvez para melhorar um pouco a sentença, poderíamos substituir “alguns dias do verão” por “um dia de verão”. Terceiro ponto: “pegar uma praia”. Bom, aí já é querer demais. No único dia de verão do ano alguém ainda tem a esperança de estar na praia!? É forçar demais as barreiras da probabilidade. Certamente nunca acontece para quem planeja suas viagens. A única forma de você estar na praia neste dia de verão é se tiver alguma reunião de negócios no litoral. Daí, além de ficar o dia todo dentro de uma sala sem ar condicionado, vai conseguir, no máximo, caminhar de terno pela orla carregando o sapato no ombro. Ao fim de nossa rápida exegese, podemos reescrever a frase com mais realismo: “Em um dia do ano passado, conseguimos passar algumas horas sem chuva no litoral rochoso da Inglaterra” (nem sonhe com praia de areia fina e água de coco).

Mas vamos deixar esta longa e prosaica introdução pra lá. Pois não foi nada disso que aconteceu. Em julho de 2007 fomos mesmo passar alguns dias muito agradáveis em Bournemouth. Trata-se da melhor praia da Grã Bretanha (na opinião dos ingleses, é claro) e fica há pouco mais de uma hora ao sul de Londres. Pegamos o trem de manhã (não tão cedo) e chegamos por lá na hora do almoço. Ficamos hospedados numa guest house, um tipo de pensão, muito bem cuidada e decorada. Nós optamos por tomar um full English breakfast, preparado e servido pela dona da casa. Coisa de primeira! Não tinha lugar na mesa para colocar mais nada. O café serviu como almoço, de modo que não precisamos comer mais nada até a hora do chá da tarde. Bom, quase nada, como você vai descobrir mais pra frente no post. (Se quiser saber o que nos foi servido no café da manha, sugiro que leia um dos primeiros posts deste blog explicando o Englsih breakfast com ilustrações.)

Claro que quisemos ir para a praia logo no primeiro dia. Então deixamos as malas no quarto e saímos andando de bermudas, regata e chinelos para a beira-mar mais próxima. E a praia não decepcionou. Bournemouth é uma das poucas praias de areia na ilha. Quase todas as outras praias são formadas por um amontoado de pedrinhas roladas (aguardem um futuro post para conhecer Aberystwyth e Brighton). Mas em Bournemouth a faixa de areia é larga e plana. Há espaço para todos: crianças brincando, velhos dormindo e cachorros correndo. Também há muito espaço para o vento. E como venta! Apesar das bermudas, fomos espertos o suficiente para carregar um agasalho. E foi nossa melhor companhia.

Decidimos caminhar um pouco para sentir a areia nos pés – já que a água estava muito fria para colocarmos os pés dentro dela – e fomos andando sem rumo na beira do mar. O tempo foi passando e a fome foi chegando. De repente, lá estávamos nós, no meio do nada com os estômagos roncando mais que os rolamentos do meu fiestinha (poucos vão entender essa, mas o Leo e o pai Jéder vão). Decidi procurar no mar para ver se encontrava algum peixe dando sopa, mas a água estava tão fria que nem os coitados haviam saído de casa para oferecer sopa neste dia (mais uma para o Leo). De uma lado, montanhas, do outro, mar. E nada in between. A fome era tanta que comecei a provar algumas pedrinhas que estavam na areia. E foi a salvação. Fiquei com a barriga cheia, tranqüila, bem alimentado de sais minerais.

Foi então que comecei a desconfiar da Lilian. Eu estava pesado por conta de minha refeição. Contudo, a Lilian continuava levinha, mas sem fome. De uma hora pra outra ela parou de reclamar da fome. Foi quando eu descobri seu segredo: chocolate. Claro que eu fiquei bravo com ela. Isso não se faz! Trocar uma alimentação tão natural e rica por uma barra de chocolate ao leite! Deixei ela de castigo por duas horas sentada num banquinho numa ilha deserta. Ela aprendeu a lição, mas ficou sem voz de tanto gritar.

Nos outros dias voltamos muitas vezes para a praia. Bournemouth tem um pier muito bonito e um oceanário que vale a pena visitar. Mas, imperdível mesmo é o tradicional restaurante Harry Ramsden “The world’s most famous fish and chips”. Não é bem um restaurante, está mais para um boteco com muita, muita, mas muita fritura. Mas o peixe frito é mesmo uma delícia. E nada melhor que comer peixe frito na frente dos peixes vivos na beira da praia. Bournemouth também é uma cidade com muitos idosos. É a cidade ideal para a aposentadoria. Quente, limpa, relativamente plana, tranqüila e bem preparada para centenas de cadeiras de rodas motorizadas. No domingo fomos à igreja no culto da manhã. Sentamos mais ou menos no meio da igreja e, olhando ao redor, só vimos cabeças brancas (e algumas carecas). A média etária girava em torno de 75 e chegamos a desconfiar que estavam adicionando pedrinhas de naftalina no chá para mútua conservação.

Mas, para finalizar o post, tenho que contar sobre o reencontro. Em 1994, quando tinha 13 anos, fui para Bournemouth passar o mês de janeiro estudando inglês. Fiquei hospedado na casa da família Bayford: pai, mãe, filho, duas filhas, dois cachorros, dois gatos, dois ramsters e 5 estudantes estrangeiros, todos em harmonia sob o mesmo teto. Não preciso falar que a casa era muito cheia a animada. Adorei o tempo que passei com eles e sempre tive vontade de reencontrá-los. Pois desta vez fomos visitá-los. E, para minha surpresa, a família tinha aumentado ainda mais com a chegada de um neto. Não pudemos encontrar todos eles e ficamos lá por alguns minutes apenas, mas foi bom ter notícias dos Bayford novamente. Quem sabe voltaremos lá quando tiverem um bisneto?

Passamos ótimos dias em Bournemouth. O sol apareceu de vez em quando. Visitamos muitos lugares interessante e bonitos. Consegui realizar o sonho de visitar a ilha de Brownsea, local do primeiro acampamento escoteiro organizado por Baden Powell. Provamos comidas novas, diferentes, gordurosas e inorgânicas. Caminhamos muito. Tomamos vento. Tomamos chuva. Tomamos sol. E, finalmente, depois de 2 anos, pisamos novamente na areia da praia. E por falar em areia, tem uma coisa que não consegui entender: Quem teve a coragem de enterrar esse bebê!?





13/07/2007
Bournemouth and Poole
England



Thursday, August 07, 2008

Domingo de sol...


Agora que já engatamos a primeira, vamos tirar o pé da embreagem e acelerar esse blog. Afinal, temos pouco mais de um ano (mais alguns milhares de fotos) de atraso nas histórias.

Voltei de San Diego para Londres procurando pelo verão. (Vocês já sabem como é o verão por aqui, eu já escrevi sobre ele em um post anterior.) Na maioria dos dias nós não conseguimos encontrá-lo. Em outros raros dias é ele quem nos acha. E confesso que sempre nos pega de surpresa e acabamos carregando os casacos e guarda-chuvas o dia inteiro pela cidade. Mas, num destes belos, porém raros, domingos de sol consegui tirar a poeira da câmera e tirar algumas dezenas de fotos com céu azul.

Por isso esse post não tem outro assunto senão fotos da Lilian num domingo de sol. Mas, para você não ficar reclamando que ela é a única modelo – como se você reclamasse disso – apresento dois de nossos amiguinhos da igreja (de costas).

Mas este mês de julho também nos trouxe uma boa surpresa. Não estou falando do verão desta vez, mas da amizade calorosa da família Augusto. Eles chegaram em Londres e já receberam nossas boas-vindas comendo “fish and chips” num pub perto da St. Paul’s. Eles ainda vão aparecer muito por este blog.


Domingo de sol
08/07/2007
London







Tuesday, July 22, 2008

Academic webpage...

Inaugurada minha webpage acadêmica

Quer saber o que o Guto faz nas horas vagas, isto é, quando não está escrevendo esse blog?

Então visite...
www.ndf.poli.usp.br/~gassi











Wednesday, July 16, 2008

Conferência na Califórnia...


Olá! Quanto tempo. Já faz mais de quatro meses desde que escrevi o último post. E pra piorar, a seqüência cronológica do blog está atrasada em mais de um ano! Eu sei, eu sei... Gostaria de poder escrever com mais freqüência. Fotos e idéias não faltam. Aliás, nosso estoque de fotos tem crescido exponencialmente! (Aí foi o toque nerd do post de hoje.)

Como diria meu pai: “o trem aqui te feio!” 2007-2008 foi o ano acadêmico mais corrido do doutorado até agora. Mas acredito que este último ano ainda vai superar, afinal eu escrever, escrever e escrever. Não! Não estou falando do blog, mas sim da tese. Senão não voltamos pro Brasil. Mas, sabia que esta correria ajuda a aliviar a saudade? Quando a rotina fica bem ocupada mesmo é que lembramos dos nossos dias em São Paulo. Mas, graças a Deus, está tudo indo muito bem.

A Lilian continua trabalhando firme (ou futebor? – essa é para o pai Jéder) aqui na faculdade e está fazendo o melhor cappuccino da região. De vez em quando ela vem com um papo de comprar uma máquina de café expresso para casa, pode!?

Mas vamos ao que interessa: ao post do dia (ou seria este o post do quadrimestre?). Logo depois que o Leo voltou para o Brasil, em junho de 2007, eu fui para uma conferência em San Diego nos EUA. A Lilian não foi desta vez, mas ficou mamando com o André e a Graça, sozinhos, por uma semana em Londres. Até hoje não me contaram os detalhes que aprontaram nesses dias, mas quando cheguei a casa estava de pernas para o ar! Era serpentina presa no lustre, confetes espalhados atrás do sofá, geladeira e freezer vazios e grandes olheiras me esperando. Um dia ainda descubro o que se passou por aqui. Mas enquanto eles estavam neste clima de festa, eu suponho, lá estava eu nos EUA trabalhando duro o dia todo. Claro que não tirei fotos durante a conferência, não há tempo para essas coisas com tanto trabalho pela frente. Mas consegui tirar algumas poucas dos raros momentos livres que tivemos. Você vai ver.

A conferência foi em um hotel na baía de San Diego cujo nome é bem sugestivo: Paradise Point Hotel. Trata-se de um daqueles resorts americanos bem artificiais, perfeitamente montados e decorados como se fosse um parque de diversões da Disney (bem pra inglês ver mesmo). Não que o lugar não fosse bonito, era sim. Mas um tanto artificial, sem profundidade. Extremamente confortável, mas parecia um cenário de filme. A decoração do hotel foi baseada num paraíso tropical. Flores, bananeiras, palmeiras e coqueiros por todos os lados. Portanto, nada de muito diferente para nós brasileiros. Mas chega de falar do hotel, vamos falar dos pontos altos da viagem.

A baía da San Diego era ótima para velejar. Então, em um belo dia de sol (que coincidiu com umas daquelas sessões que ninguém queria participar) alguns acadêmicos, que prefiro manter no anonimato, e eu alugamos um veleiro por algumas horas para testar nossas habilidades náuticas. Como um bom engenheiro naval teórico eu fiquei encarregado pelas fotografias. Outros dois marujos foram incumbidos de permanecerem assentados sem atrapalhar muito. Por fim, o restante das atividades foram igualmente distribuídas entre os outros dois homens-do-mar que realmente sabiam o que estavam fazendo.

Em um outro dia fui conhecer o Balboa Park (não, não foi construído em homenagem ao Rocky) que é um parque muito bonito no centro de San Diego, perto do zoológico, com uma bela vista da cidade. Achei muito interessante uma concha acústica para concertos de órgão ao ar livre. (Lá também tem um museu aeronáutico onde foi o banquete da conferência.) Infelizmente não consegui dar um pulinho em Tijuana, mas nem precisou. Em San Diego se fala mais espanhol que inglês e a quantidade de restaurantes e trabalhadores mexicanos dá vida para a cidade.

San Diego tem um dos maiores e mais famosos zoológicos do mundo. O lugar é muito bem cuidado e a diversidade de animais é fantástica. Num dos últimos dias da conferência lá fui eu visitar meus amigos pandas, coalas e flamingos. Como andei nesse dia! Posso dizer que passei por todas as ruas do zoológico sem deixar nenhuma jaula sem ser visitada. Conheci pelo nome e apelido todos os habitantes do parque. Alguns me receberam muito bem, outros não estavam bons pra papo. Mas nem por isso deixei de tirar mais de uma centena de fotos. No final do dia, esgotado, só queria mesmo banho e cama.

Mas depois destes dias em San Diego, ainda estava com pique para a maior prova de resistência da minha vida. Na volta, comprei um vôo que saia de San Diego e fazia uma longa escala em Loas Angeles antes de voar direto pra Londres. Por longa escala, entenda quase um dia inteiro. Comprei esse vôo de propósito porque queria conhecer LA na passagem. Saí do hotel de madrugadinha (em um daqueles típicos táxis da Califórnia, uma barca dos anos 60 com estofados e carpetes vermelhos) e peguei um bi-motor pipocando até LAX. Cheguei lá ainda de manhã e comecei a jornada pela cidade. O lugar é imenso! Nada é perto de nada! Durante o vôo havia planejado meu roteiro do dia e logo peguei um ônibus, mais uma caminhada, mais um metrô até chegar em Hollywood.

Lá chegando fui tomar um cafezinho e encontrei um boiadeiro com que fui falar... (opa, música errada). Saí direto em Sunset Blvd. Anda pra lá, corre pra cá, flash por todos os lado. Todas aquelas cenas que você vê na televisão estão lá: o teatro, a calçada da fama, Rodeo Drive, o letreiro na montanha, Beverly Hills, etc. Mas fiquei frustrado... Novamente veio aquela sensação cenográfica, tudo parecia meio falso, vazio, sem caráter. Gostei muito, mas não sei se quero voltar lá de novo. Por isso nem fiquei muito tempo. Olhei no mapa e decidi ir para a praia de Santa Mônica, parecia pertinho, uma linha reta (tudo por lá é uma linha reta).

Doce ilusão! Peguei um ônibus e rodei por quilômetros intermináveis. No mapa tudo parece pertinho, mas a escala do lugar é fora da realidade! (ainda mais para os minúsculos padrões europeus). Levei quase duas horas no ônibus (em linha reta) para chegar na praia. Mas quando cheguei, me senti novamente num daqueles seriados americanos: uma praia longa e com muita areia. Um monte daquelas cabines de salva-vidas espalhadas na beira da água. Ao Norte fica Malibu, ao Sul, Venice Beach. Fui para o Sul, andando, na direção do aeroporto.

Foi aí que começou minha maratona. Eu ainda não falei, mas desde que saí do hotel estava carregando uma mochila como bagagem de mão. O detalhe é que o laptop que eu levei pesa 5Kg (sem bateria e fonte de alimentação)! Já havia caminhado a manhã inteira com esse peso nas costas. Pois caminhei mais a tarde toda, toda a extensão de Santa Mônica e Venice, pela areia fofa da praia. Detalhe, eu estava de calças jeans dobrada na canela e carregando o par de tênis amarrado na mochila. (Claro que não vou colocar nenhuma fotos deste momento no blog, zelo por minha reputação.)

Cheguei no aeroporto na hora exata para fazer o check-in. Entrei no avião exausto para um vôo longo de Los Angles à Londres. Só queria que a janta chegasse logo. Nem liguei por estar com a calça molhada de água salgada e com os pés cheios de areia. Talvez o passageiro da poltrona vizinha tenha percebido que eu havia andado o dia inteiro...

Essa foi minha longa semana de trabalho em San Diego. A conferência foi boa, apresentei meu trabalho e fiz bons contatos. Mas o mistério fica no ar: o que será que Lilian, André e Graça estavam aprontando enquanto em estava fora?

Nota: Como neste post não tivemos fotos da Lilian, tive que preencher o espaço com fotos dos meus acompanhantes. Conheça alguns dos habitante do zoológico de San Diego.

San Diego e Los Angeles
10-16/06/2007
EUA